Puxar ferro é divertido, mas gosto mesmo é de malhar o cérebro: acontece que gosto de estudar, gosto da academia, essa malandra que educa e produz conhecimento motriz.
A Universidade me deu muito. Mostrou os caminhos que percorro hoje. E, toda vez que olho por entre passado e presente vejo só um futuro possível: uma aventura contínua nas salas de aula.
De fato, a atual geração da minha família sertaneja avança forte e rápido sobre as universidades. A anterior penou muito para que alguns poucos completasem seus estudos básicos. Muito dessa luta inglória e acumulo de frustrações contribuiu para que lutassem pelo avanço na educação de nós, seus filhos. Hoje diplomas se multiplicam nas paredes das casas de nossos pais. Jornalistas, contadores, engenheiros, médicos, geógrafos, biomédicos, enfermeiros, quimícos etc. São o que são por causa de pedreiros, lavradores, agricultores familiares, cortadores de sisal, lavadouras de roupa e donas de casa. A nova geração nunca estará no nível da anterior.
Alguém na vida
Em meu caso, a paixão começou com desamores. Lutei – e ainda luto – muito contra os vícios da escola pública deficitária, que contribuiu para pensar em desistir da Faculdade no terceiro semestre. Mas, “estudar é a única forma de conseguir ser alguém na vida”, repetia minha Mãe toda santa oportunidade. Virou mantra e de tanto ouvir acreditei. Aos poucos consegui avançar nos estudos, me formar e também fazer um mestrado. De fato, cheguei, hoje, em um ponto onde não consigo recuar. É quase como – assim como minha ululante vontade de escrever – algo para qual estou compelido. É uma sentença que não desejo mais escapar.
Hoje, quando sentei em uma das salas da Faculdade de Comunicação, a Facom, senti que os anos passados naquelas salas, laboratórios e corredores não representavam nada: estava nervoso como no primeiro dia. Era um nervosismo empolgado, como no primeiro dia. Era uma visão do futuro, como no primeiro dia. Era o sonho de meus pais se realizando, como no primeiro dia… há 12 anos.
Estar na academia me faz feliz, mas sei que faz meus pais muito mais. Sigo fazendo eles felizes, e isso é o mais importante.
Construo caminhos para eles trilharem à minha frente.