Artigo na revista Journalism and Media sobre uso da IA no Jornalismo Digital Brasileiro

O artigo intitulado “Artificial Intelligence (AI) in Brazilian Digital Journalism: Historical Context and Innovative Processes“, de autoria do doutorando Moisés Costa Pinto e da Professora Dra. Suzana Barbosa, coordenadora do Grupo de Pesquisa em Jornalismo Online (GJOL), foi publicado na revista internacional Journalism and Media e traz contribuições para a compreensão da interseção entre a inteligência artificial (IA) e o jornalismo digital no Brasil.

O artigo pode ser baixado no site da revista.

A pesquisa investiga o uso de sistemas e recursos de IA em produtos jornalísticos do país, analisando criticamente a literatura sobre o tema, mapeando e observando casos para identificar processos inovadores e analisando projetos de IA voltados ao jornalismo. O estudo utilizou uma abordagem de pesquisa ampla, incluindo buscas em repositórios web como Google, Google Scholar e Scopus, com termos relacionados à inteligência artificial e ao jornalismo digital no Brasil.

O artigo revela que, apesar do avanço na utilização de IA de baixo custo e impacto, predominam os bots nas iniciativas de IA no jornalismo digital brasileiro. Essa tendência sugere uma facilidade maior para os meios de comunicação digitais nativos incorporarem processos inovadores no uso dessas tecnologias, graças à grande disponibilidade dessas ferramentas em repositórios web.

Além disso, o estudo aborda questões cruciais sobre o uso de bancos de dados, aproximações com plataformas, usos de códigos compartilhados, conexões com outras IA e fontes de financiamento, investigando se as iniciativas são focadas no backend ou no frontend. Em um esforço paralelo, os autores procuram identificar se as redações brasileiras estão usando oficialmente o ChatGPT, uma IA generativa, destacando a importância da adaptação às novas tecnologias no jornalismo.

Apresentação no JDMIA 2023 sobre Inteligência Artificial (IA) no jornalismo digital brasileiro

Participei este ano, no âmbito do meu doutorado sanduíche, do JMDIA 2023, evento hospedado a cada dois anos na Universidade Beira do Interior, em Covilhã, Portugal. Junto com a Professora Suzana Barbosa, apresentei o trabalho “Inteligências Artificiais (IAs) no jornalismo digital brasileiro: contexto histórico e processos inovadores”.

Assista a apresentação

Endereçamento do impacto das inteligências artificiais (IAs) no jornalismo: o ponto de vista de jornalistas e acadêmicos

Conhecemos inteligências artificiais (IAs), ou pelo menos seu conceito, desde os anos 1950 mas somente nas últimas duas décadas notamos o quando se entremearam na vida contemporânea, em uma sociedade cada vez mais datificada (ou dataficada, para alguns) – e até por isso mesmo. IAs podem produzir outputs, saídas, soluções, produtos etc., similares aos produzidos por humanos. Elas podem mimetizar ações humanas. No que nos tange, o jornalismo não escapa desta realidade.

Para Amaya Noian-Sánchez (2022), da Universidade Rey Juan Carlos de Madrid, IAs podem ajudar o jornalismo em:

– coleta e organização de dados

– detecção de informações

– verificação de desinformação (ex: deep fake)

– melhora da capacidade de trabalho do jornalista

– desenvolvimento e aprimoramento do jornalismo investigativo

Todavia, também cria desafios. O papel do jornalista da produção de notícias passa a ser remodelado, bem como este pode passar a ser substituído por IAs em algumas áreas da redação ou mesmo na produção de certos tipos de notícias, como esportivas, financeiras ou sobre condições climáticas – todas muito estruturadas em dados. Além disso, podem tirar do jornalista o papel de interação com as audiências.

Em verdade, a matriz entre IAs e jornalismo resulta no jornalismo automatizado ou jornalismo computacional ou jornalismo robotizado etc. Não importando sua denominação, este é um campo de estudos crescente nos estudos de jornalismo, especialmente jornalismo digital.

Um dos pontos importantes no jornalismo automatizado é compreender a relação de colaboração entre jornalistas e Inteligências Artificiais. Hoje há um gap de compreensão dos jornalistas de como IAs podem ajudar ou afetar seu trabalho, e isso, segundo Noian-Sánchez (2022), se desenvolve em medos e preconceitos dos profissionais frente essas novas tecnologias. E muito desse gap se dá pela falta de qualificação ou atualização tecnológica universitária e profissional.

Amaya Noian-Sánchez da Universidade Rey Juan Carlos de Madrid

O texto “Addressing the impact of Artificial Intelligence on Journalism: the perception of experts, journalists and academics” de Amaya Noian-Sánchez (2022) traz um bom panorama do impacto das IAs na vida de jornalistas e no contexto atual do jornalismo a partir do ponto de vista de profissionais e acadêmicos da área. Algumas ideias interessantes são levantadas, como a proposição de que jornalistas precisam desenvolver um perfil híbrido para conseguir trabalhar em colaboração com IAs. Outras discussões são abertas em controvérsias com os entrevistados, como por exemplo, o fato de que não há consenso se jornalistas precisarão ou não aprender a programar para lidar melhor com IAs em seu ambiente de trabalho informativo.

Os próximos anos, no entanto, nos reservarão novas oportunidades de observação sobre como IAs (re)agregarão o jornalismo e seus profissionais. Por ora, uma coisa é certa: o trabalho colaborativo entre jornalistas humanos e jornalistas robôs já é uma realidade irrefutável e que se estende por redações em toda aldeia global.

Referências:

Noain-Sánchez, A. “Addressing the Impact of Artificial Intelligence on Journalism: the perception of experts, journalists and academics”. Communication & Society. 35 (3), 2022, 105 – 121. Disponível em: <https://revistas.unav.edu/index.php/communication-and-society/article/view/41216>

Mais uma vez, blog

Não é meu primeiro blog na rede. Já fiz de tudo um pouco na internet, já usei blogspot, já circulei no wordpress e já semeei no meu próprio “com.br” – perdi esse domínio, lamentavelmente, e agora ataco de “moises.co“.

Mas, volto. Volto com um objetivo em mente: escrever. Este é meu desafio para os próximos anos: escrever mais e mais a cada dia. Ler mais livros também está na equação de minha vida. Todavia, ter um blog sempre me ajudou na prática da escrita, e sempre foi um grande incentivo.

Faça seu próprio blog e produza. Não fique contente em apenas consumir.

Neste canto você poderá ler sobre cibercultura – minha paixão em termos de interesse e pesquisa -, comunicação digital, marketing e mídias sociais – estas últimas mais próximas das áreas de trabalho que coloquei meus pés nos últimos anos – e, claro, um pouco sobre mim. Não creio que vá acertar em tudo que escreverei, mas o objetivo será mesmo de levantar a bola e não de marca o ponto. Fazer um exercício de humildade é preciso, afinal. 🙂

Espero conseguir escrever, ao menos, três parágrafos por dia neste blog. Também anceio conseguir pegar as borboletas que realmente importam, não apenas para mim, mas também para você, anônimo leitor. Dedos cruzados.

Se está lendo isso, sinta-se no direito de me cobrar essa “promessa”.

Abraços fraternos.